É comum ouvir pessoas dizendo que estão “ansiosas” ou que não conseguem parar de se mover, mas será que estamos sempre falando da mesma coisa? Embora ansiedade e hiperatividade compartilhem alguns sintomas — como agitação e dificuldade de concentração —, tratam-se de condições distintas, com causas e tratamentos específicos.
O que é ansiedade?
A ansiedade é uma reação natural do organismo diante de situações percebidas como ameaçadoras. Quando proporcional e passageira, ela é funcional e nos prepara para agir. O problema ocorre quando essa resposta se torna exagerada, persistente e interfere na vida cotidiana.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), os transtornos de ansiedade incluem sintomas como:
-
Preocupações excessivas e incontroláveis
-
Tensão muscular e agitação
-
Taquicardia e sudorese
-
Dificuldade para relaxar ou dormir
-
Sensação de que algo ruim está prestes a acontecer
Esses sintomas, em geral, estão associados a um estado emocional de alerta constante, mesmo na ausência de ameaça real.
Beck, Emery e Greenberg (2005) explicam que a ansiedade envolve um padrão de pensamento caracterizado por interpretações catastróficas e distorções cognitivas, que reforçam a sensação de perigo iminente.
O que é hiperatividade?
Já a hiperatividade é um dos principais sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), um transtorno do neurodesenvolvimento que costuma surgir na infância, mas que pode persistir na vida adulta.
De acordo com o DSM-5, os sintomas de hiperatividade incluem:
-
Inquietação motora constante (mexer mãos ou pés, levantar-se com frequência)
-
Dificuldade para permanecer sentado
-
Falar em excesso ou interromper os outros
-
Impulsividade nas ações e decisões
-
Dificuldade em esperar a sua vez
A diferença central é que a hiperatividade não está necessariamente associada a um estado emocional de medo ou preocupação, mas sim a um padrão persistente de agitação e impulsividade.
Para Barkley (2013), o TDAH não é apenas uma questão de comportamento inquieto, mas envolve um déficit no sistema de autorregulação, o que compromete a capacidade de controlar pensamentos, emoções e ações no tempo.
Onde os sintomas se confundem?
Ambas as condições podem causar:
-
Dificuldade de foco
-
Agitação psicomotora
-
Problemas de desempenho escolar/profissional
Por isso, muitas vezes a ansiedade é confundida com TDAH e vice-versa. No entanto, a origem dos sintomas é diferente: a ansiedade tem fundo emocional e antecipatório; a hiperatividade tem base comportamental e neurológica.
Como diferenciar?
Um diagnóstico adequado deve ser feito por um psicólogo ou psiquiatra, considerando a história de vida, o início dos sintomas, o contexto emocional e a frequência e intensidade dos comportamentos. Avaliações neuropsicológicas também podem ajudar a esclarecer o quadro.
Considerações finais
Identificar corretamente se os sintomas estão ligados à ansiedade ou à hiperatividade é essencial para um tratamento eficaz. Em ambos os casos, a psicoterapia (como a terapia cognitivo-comportamental) e, quando necessário, o uso de medicação, podem contribuir significativamente para a melhora da qualidade de vida.
Referências bibliográficas:
-
American Psychiatric Association. (2014). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed.
-
Barkley, R. A. (2013). Taking Charge of ADHD: The Complete, Authoritative Guide for Parents. Guilford Press.
-
Beck, A. T., Emery, G., & Greenberg, R. L. (2005). Ansiedade: Como enfrentar o mal do século. Artmed.
-
Knapp, P., & Beck, A. T. (2008). Terapia Cognitiva: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed.
Leave A Comment