As redes sociais se tornaram parte integrante do cotidiano moderno. Estão presentes no trabalho, no lazer, nos relacionamentos e até em momentos de introspecção. Mas por que sentimos tanta necessidade de estar conectados o tempo todo? E quando esse comportamento deixa de ser saudável?
A psicologia oferece pistas valiosas para entender esse fenômeno. Segundo B.F. Skinner, um dos pais do behaviorismo, o comportamento humano pode ser condicionado por reforço intermitente — exatamente o que acontece nas redes sociais. Curtidas, comentários e novas notificações aparecem de maneira imprevisível, mantendo o usuário engajado em busca da próxima “recompensa”. É o mesmo princípio usado em jogos de azar.
O circuito da recompensa e a dopamina
O neurocientista Daniel Lieberman, no livro The Molecule of More (2018), explica que a dopamina — neurotransmissor relacionado à motivação e ao prazer antecipatório — é ativada fortemente quando há expectativa de recompensa, e não necessariamente pela recompensa em si. Isso ajuda a entender por que rolar o feed sem parar pode ser tão viciante: estamos sempre esperando encontrar algo novo, interessante ou validante.
Comparação social e autoestima
A psicóloga Leon Festinger, em sua teoria da comparação social (1954), já apontava que os seres humanos avaliam suas próprias opiniões e habilidades ao se compararem com os outros. Nas redes, esse processo é potencializado: somos constantemente expostos a versões idealizadas da vida alheia. Isso pode gerar sentimentos de inadequação, baixa autoestima e até sintomas depressivos.
A psicóloga Sherry Turkle, autora de Alone Together (2011), argumenta que quanto mais conectados estamos digitalmente, mais nos distanciamos de conexões humanas profundas. Para ela, as redes nos oferecem a “ilusão de companhia”, mas frequentemente substituem conversas significativas por interações superficiais.
Quando o uso se torna prejudicial?
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Incapacidade de limitar o tempo de uso.
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Sensação de ansiedade ou irritação ao ficar desconectado.
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Dificuldade de concentração e prejuízo nas tarefas cotidianas.
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Uso das redes como fuga emocional.
Esses sinais são semelhantes aos observados em outras formas de dependência, e alguns autores já falam em nomofobia (medo irracional de ficar sem o celular), um fenômeno crescente especialmente entre jovens.
Caminhos possíveis
Buscar um uso mais consciente e equilibrado da tecnologia é um passo importante. O psicólogo Carl Rogers falava sobre a importância da autenticidade e da congruência interna. Podemos trazer esse conceito para o digital: quanto do que mostramos e consumimos nas redes reflete, de fato, quem somos?
Práticas como digital detox, uso de apps de controle de tempo, e, principalmente, o autoconhecimento, são aliados poderosos para quem busca uma relação mais saudável com o mundo digital.
“As redes sociais nos conectam com o mundo, mas podem nos desconectar de nós mesmos.”
🧠 Reflita: o uso que você faz das redes sociais está te aproximando ou te afastando de quem você realmente é?
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